Às vezes você só percebe a importância de um momento, quando ele se torna uma lembrança.
domingo, 15 de junho de 2014
"Eu vivi os dias ruins. Às vezes, não gosto nem de lembrar. Foi uma cabeçada aqui, um soco ali, uns arranhões. Pensando bem, quem não os viveu? E pensando melhor ainda: quantos ainda viverei? O drama fica da porta para fora: não era a guerra, mas também não era o paraíso. Mas a cabeçada, o soco e os arranhões, mesmo doendo, aprendem a se calar. Dos dias ruins eu me trouxe. Eu e apenas eu, numa solidão muito minha. Dos dias ruins, sobrevivi. Isso é um feito, mas de vez em quando nem parece tanto. No fim das contas, com a cabeça no travesseiro, a lua lá no céu distante anunciando a melhor hora do dia e cada um na sua vida escondida, eu até que respiro bem nos dias bons. Eu até que me esqueço das manchas no calendário de uma vida sempre em outros tempos. E quando dizem que “somos agora”, eu tenho lá as minhas dúvidas sobre o que realmente sou."
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